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O Metaverso: O Futuro Digital ou Apenas Mais um "Bug" da Realidade Virtual?

 

Se alguém te dissesse que, no futuro, você iria para reuniões de trabalho usando um avatar de unicórnio enquanto ainda de pijamas na vida real, você acreditaria? Pois é, o metaverso está aí para tornar isso possível. Mas antes que a gente comece a comemorar o fim dos trajes formais, vale a pena olhar mais de perto as promessas e os desafios dessa nova era digital.

 

Primeiro, o que exatamente é esse tal de metaverso? Resumidamente, trata-se de um ambiente digital compartilhado, onde podemos interagir com pessoas e objetos virtuais por meio de avatares. Parece algo saído de "Jogador Número 1", e talvez seja. Mas como toda boa ideia futurista, há sempre um detalhe importante: custa caro. Sim, muito caro. Só para começar, você precisará de um bom dispositivo de realidade aumentada, como os famosos (e caríssimos) óculos de realidade virtual.

 

Um Futuro Virtualmente... Caro?

A Meta, a empresa por trás do Facebook, está investindo bilhões de dólares nesse novo mundo virtual, na esperança de nos ver "vivendo" mais no metaverso do que fora dele. Não podemos esquecer que a Apple também entrou na jogada, sempre com seu toque de sofisticação tecnológica, garantindo que, no futuro, até um simples passeio pelo shopping virtual custará algumas mensalidades do seu plano de internet e, claro, uma parte considerável do seu salário.

 

Por outro lado, empresas menores e startups também estão correndo para entrar nesse universo paralelo, criando mundos próprios e serviços especializados. Segundo o analista de tecnologia Mark Zuckerberg (sim, ele mesmo), o metaverso “é o futuro das interações sociais e profissionais”. No entanto, cientistas políticos como a Dra. Elizabeth Foster, da Universidade de Harvard, alertam que a transição para essa realidade pode aumentar as desigualdades. “Se já vivemos em um mundo desigual em termos de acesso à internet e dispositivos tecnológicos, imagine quando toda a interação social e trabalho passarem a depender de uma realidade virtual cara e exclusiva", explica Foster.

 

Quando Avatares Dominam o Escritório

Imagine a seguinte cena: você, atrasado para aquela reunião importante, correndo para ligar o computador, enquanto ainda mastiga o último pedaço de pão do café da manhã. A boa notícia? Não precisa mais correr para colocar o terno. A má notícia? Agora, todos os seus colegas estão representados por avatares - e você escolheu um porco-espinho roxo com chapéu de cowboy para te representar no dia da entrevista com o novo chefe.

 

O professor de ciências comportamentais, Dr. Stanley Brown, da Universidade de Stanford, menciona que esse tipo de liberdade no metaverso pode ter consequências interessantes. “Estudos mostram que a forma como as pessoas escolhem seus avatares pode revelar muito sobre suas personalidades, inseguranças e até ambições profissionais", comenta Brown. Ou seja, aquele chefe que aparece como um tigre selvagem na reunião virtual? Talvez esteja tentando compensar algo...

 

O Metaverso e o Mercado de Trabalho

Enquanto isso, do lado mais sério da história, há uma preocupação crescente sobre o impacto do metaverso no mercado de trabalho. Segundo dados do Fórum Econômico Mundial, muitos setores da economia já estão vendo uma mudança nas exigências de habilidades para a força de trabalho, com um aumento na demanda por especialistas em tecnologia e desenvolvedores de realidade virtual. Para o economista digital Martin Reynolds, “o metaverso trará tanto novas oportunidades de emprego quanto novas formas de exclusão”. Quem não se adaptar pode encontrar dificuldades em se manter relevante.

 

A professora de economia digital, Sara Johnson, da Universidade de Oxford, reforça que “o metaverso pode se tornar um novo ambiente de trabalho para muitos, mas ainda estamos longe de ver uma adoção em massa”. Ela comenta ainda que, enquanto algumas indústrias criativas, como o design e o entretenimento, podem prosperar nesse novo mundo digital, áreas mais tradicionais ainda vão demorar para se beneficiar dessas inovações.

 

E Agora?

Claro, para alguns, tudo isso soa como um grande exagero. “É só uma fase, como foi o Second Life”, dizem os céticos. E eles podem até ter um ponto. Afinal, quem não se lembra do hype em torno desse outro mundo virtual, que prometia mudar a maneira como vivíamos, mas que acabou sendo mais famoso por reunir um bando de avatares desajeitados em ilhas digitais esquisitas?

 

Por outro lado, o metaverso vem sendo levado a sério pelas maiores empresas de tecnologia do mundo, e seus impactos na forma como vivemos e trabalhamos já estão sendo sentidos. Então, se você acha que trabalhar de casa já é o futuro, espere só até começar a trabalhar de “qualquer lugar” no metaverso. Só não esqueça de investir naquele avatar profissional... ou corre o risco de ser lembrado como o unicórnio de pijama.

Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 10/10/2024
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