Escrivinhando...

Diante deste grande circo, o que nos resta é sorrir!

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Título: A COP28 e o Grande Show do Clima – Agora em Terras Petrolíferas!

 

É oficial: a COP28 vai acontecer nos Emirados Árabes Unidos, aquele país onde petróleo é mais abundante que água de coco no Brasil. Sim, nada como discutir sobre mudanças climáticas no quintal de um dos maiores produtores de combustíveis fósseis do planeta. Para dar mais emoção, eles vão servir canapés enquanto as temperaturas globais continuam subindo como bolo no forno. Bem-vindos ao grande show climático!

 

Mas não se engane, caro leitor. As promessas estarão por toda parte: metas para 2050, 2060 e, se não prestarmos atenção, talvez até para 2100. "Neutralidade de carbono até o fim do século!", dizem as grandes potências, com a mesma convicção de quem promete começar a dieta... na segunda-feira. E, enquanto os líderes discutem quem vai pagar a conta da transição energética, a Terra segue firme no seu modo grill.

 

O Jogo da Culpa

Em cada COP, sempre há um jogo sutil de empurra-empurra. Os países desenvolvidos, grandes responsáveis pelas emissões históricas de gases de efeito estufa, tentam convencer as nações em desenvolvimento a fazerem mais. É como ver o jogador mais rico do time pedindo para o goleiro quebrado comprar a bola nova. É claro que o discurso é sempre aquele: "Estamos todos juntos nessa!" Só que alguns estão mais "juntos" que outros, especialmente quando o assunto é verba para fundos climáticos.

 

A Greta Thunberg, se pudesse, provavelmente entraria de surpresa nessa reunião, com um megafone, para lembrar a todos do óbvio: "Enquanto vocês discutem, o Ártico derrete como picolé no deserto!" Aliás, o deserto talvez seja o único lugar que vai sobreviver a essa crise, já que, tecnicamente, ele já está quente e seco. Desertos: os novos balneários pós-apocalípticos, breve em um mapa perto de você!

 

O Cenário Apocalíptico

Brincadeiras à parte, o quadro é realmente preocupante. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) já alertou que as ações tomadas até agora são insuficientes para limitar o aquecimento global a 1,5ºC, meta estabelecida no Acordo de Paris. Enquanto isso, estudos indicam que eventos extremos, como ondas de calor e secas severas, estão cada vez mais frequentes. E claro, a COP28 será palco para mais promessas de cortes de emissões e "transições verdes". Aposto que a última vez que algo foi tão verde em terras petrolíferas foi no Jardim do Éden.

 

E não podemos esquecer dos desastres naturais, que já estão fazendo turismo global. Tem furacão passando férias nos trópicos, inundações visitando as metrópoles e incêndios florestais que já deviam ter um programa de milhas. No entanto, durante as conferências, as discussões sobre quem vai pagar para mitigar os efeitos continuam como um grande "quem dá mais?" do leilão climático.

 

A Ciência Também Fala

Segundo um relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), as concentrações de gases de efeito estufa atingiram níveis recordes, e 2023 foi um dos anos mais quentes já registrados. A expectativa é que a COP28 traga à mesa um debate científico sério, mas quem diria que um dos maiores debates seria sobre como mitigar os danos sem frear o crescimento econômico dos países desenvolvidos? Uma ginástica mental que só os maiores economistas poderiam realizar. Talvez a fórmula seja tão simples quanto mandar uma nota fiscal do apocalipse para quem emite mais.

 

Enquanto isso, cientistas gritam aos quatro ventos (que, ironicamente, estão mais fortes devido às mudanças climáticas) que precisamos agir agora. Redução das emissões, energias renováveis, preservação dos ecossistemas... Mas vamos ser realistas: com os combustíveis fósseis ainda dominando a matriz energética global, parece que estamos mais propensos a ver um unicórnio sobre uma bicicleta sustentável.

 

A Conclusão da Tragédia Cômica

A COP28 promete ser um evento repleto de promessas, discursos inflamados e aperitivos luxuosos. Mas no final do dia, o que importa é que precisamos de ações reais. O planeta não tem lareira – e, se continuar desse jeito, nem precisamos, já que o aquecimento global está cuidando disso para nós.

 

Então, na próxima conferência, quem sabe possamos fazer mais do que só falar e, talvez, não precisemos de tanto petróleo para "movimentar" a discussão. Afinal, se o Titanic nos ensinou alguma coisa, é que brigar sobre quem está no controle do navio não adianta muito quando já estamos a caminho do iceberg.

Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 10/10/2024
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