CACHOEIRA DO VAI-VÉM
-Cordel do dia 24-04-2019- Vai que vem o inverno E ela vive a despejar No seu vai e vem eterno Água viva derramar E eu, assim, tão subalterno Vivo lá pra me banhar Nessas águas de Oxum No recanto de Iemanjá Meu coração faz TUM, TUM TUM! Quando ela faz CHUÁÁÁ E meu corpo faz TCHIBUM! Pra minh’alma se alegrar Merecida de elogios Sem nunca os esperar Em seu colo tão macio Que está sempre a acalentar Naquela queda de rio Que me faz tanto sonhar Minha amada cachoeira Prateada ao luar Com seus pés de quixabeira Minhas feridas curar E eu sem eira nem beira Nunca me foi desprezar Pois és mãe de todos nós Desta terra tão sofrida E quando estamos sós Mostra sempre ser amiga Quando ouço tua voz Curo de todas as fadigas Minha linda, flor do dia Para a noite empresta o cheiro Faz a vida mais macia Nem precisa de dinheiro Recebe com alegria Um doutor e um cocheiro Seja padre, pastor ou ateu De budista a macumbeiro Todos, sempre recebeu De careta a maconheiro Que pra ser amigo teu Não precisa de exagero Basta ir com respeito E beijar a tua mão Que com ela envolve o peito Nunca faz acepção Faz de si própria um leito Pra quem tem bom coração Não mede esforços, nem grita Até mesmo no verão Quando já está tão aflita Em teu seco ribeirão Como quem forte milita E mata a sede no sertão Dia vai, dia vem E com sua paciência Apenas diz sempre amém E mantém resiliência Se não for tu, mais ninguém É exemplo de clemência Tempo vai, tempo vem E você espera o dia De quem te olha com desdém Ir aí fazer folia E sempre devolve o bem Com olhos cheios de alegria Água vai, água vem Quando a chuva cai na terra Sem tostão e sem vintém Põe fim à toda guerra Pois só tu é quem detém Os segredos desta serra Vai-Vem, minha linda estrela No inverno vai voltar Caudalosa, forte e bela Para a todos encantar Foi Deus que pintou a tela Sem beleza a parear! Graciliano Tolentino Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 24/04/2019
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