Dia Desses no Divã...
- Crônica do dia 09 – 07 – 2018 -
Em uma das consultas que pautou meu diagnóstico, suscitei um tema que muito me perturba... A ridicularidade, a estupidez extrema, a esquizofrenia máxima, o cúmulo da boçalidade! De as pessoas ditas “normais”, que mais se dão bem nessa sociedade esquisita, virada de pernas para o alto, é o fato de que os “Grandes Vencedores” da nossa humanidade são aqueles que corrompem todos os valores lógicos do convívio social! A corrupção da essência das coisas faz da nossa sociedade um lugar inabitável. Dá medo sair na rua! M-E-D-O! Vou exemplificar algumas inversões essenciais muito simples de serem percebidas, que escravizam a mente da gente desde criança, forçando-nos a repetir o mesmo ciclo de ignorância por toda a vida. Os nossos pais (geralmente a mãe né?) ensinam a gente a rezar o pai nosso. É uma oração linda! Uma coisa fantástica! O pai nosso até hoje me acalma... “Perdoais as nossas ofensas, ASSIM COMO NÓS PERDOAMOS A QUEM NOS TENHA OFENDIDO”... Será que alguém já parou pra prestar atenção nessa frase? Eles ensinam isso para a gente! E isso é lindo! Levam a gente para igreja e tal... E depois eles dizem: - Se chegar “apanhado” em casa, leva outra pisa (surra)! Eu não entendia muito bem isso... Eu sempre ficava dividido, toda vez que eu brigava na rua! Porque aquele menino que me bateu era meu amigo, e eu não queria machucá-lo... Mas se eu não batesse nele eu ia apanhar em casa... E ia doer mais... E eu sabia que meu amigo ia me perdoar no dia seguinte... Porque a regra da casa dele era igual... Mas isso ainda pode vir de antes! Quando por exemplo o bebê, que, claro, por não ter desenvolvido sua fala, menos ainda, oratória, ou sequer vocabulário, não pode ARGUMENTAR com a mãe, e penso até, que fica frustrado por não conseguir expressar o que está sentindo a respeito de determinada situação. Então quando ele não gosta de algo, ele faz o que? Dá um tapa. Reação comum que pode ser entendida, talvez, como algo que lhe foi ensinado quando seus dentes começaram a brotar e ele mordia o mamilo da mãe, a mãe sentia dor, e ela lhe dava um tapa para soltar... Resumindo: É pra PERDOAR ou não é pra PERDOAR? E isso encontra ainda mais discrepância quando passamos a tratar as constantes distorções que nos são impostas como certas. Vejamos a distorção entre o valor das coisas e das pessoas! Nós somos enviados à escola para aprender a mentir e a enganar. Com uma história mal contada, uma literatura que não corresponde aos nossos valores culturais e uma matemática que pouca utilidade terá na nossa vida... Ainda tem os cursos preparatórios que nos ensina a mentir nas entrevistas, a nos fantasiarmos conforme a vontade de quem nos pagará um mísero salário que sequer dá para pagar completamente o curso que queremos fazer. Para ganhar um vale refeição que não dá para comprar metade de uma marmita. E depois de tudo isso... Ficaríamos felizes com uma graduação que te dará um diploma para ajudar a reproduzir tudo isso... O Engenheiro da Indústria armamentícia, o químico da empresa de agrotóxicos, o advogado do escritório criminal para defender políticos corruptos, o policial que prende o inocente, o psicólogo que não escuta, o professor que não ensina, o médico que mata o paciente, e etc... etc... etc... E aí não rompemos o ciclo... Até quando pessoas inteligentes gastarão seus esforços para desenvolverem armas... Vírus... Doenças... Formas de escravização... De destruir o planeta... De acumular recursos para si? Acho que para esse ciclo parar... Precisamos começar por nós mesmos... Dizer não a oportunidades de se corromper, de ficar com o troco, de fingir ser algo que não é, de dizer palavras duras ao outro, de guardar rancor... E aproveitar todas as oportunidades que tivermos de dizer coisas boas para alguém, de fazer alguém sorrir, de procurar algo de bom naquela pessoa e dizer a ela... Talvez seja o único elogio que ela receberá no dia! Acho que precisamos usar nossa inteligência e nossos esforços para fazermos o bem, e não esperar que venha alguém de cima e nos salve... E esse alguém de cima, não falo só do céu... E sim dos homens de poder também... Precisamos por fim a esta inversão de valores dentro de nós de verdade... Para que passo a passo se possa construir uma sociedade em que respeitemos de fato o contrato social e a sociedade evolua para uma sociedade de bem estar social, em que a confiança é a regra e a felicidade é a lei. Graciliano Tolentino 09 - 07 - 2018
Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 10/07/2018
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