Escrivinhando...

Diante deste grande circo, o que nos resta é sorrir!

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O FRIO, O SERTÃO - INTRODUÇÃO

- Não pai!!! Por favor! – era um grito de horror, de medo, e era ouvida de longe.

- Cale a boca! Que eu não sou seu pai, sua rapariga desgraçada!!! – Soou o barulho de um tapa.

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Uma cidade pacata no alto das serras, um cenário simplesmente fascinante de se vislumbrar, é difícil descrever ainda, por não saber de onde começar, sem saber ao certo onde é o princípio daquele paraíso, ou daquele inferno, já faz muitos anos, mas eu não me esqueci de um só detalhe, de um só sorriso, de um só olhar maldoso ou de acalanto.

Sei que o chão era calçado de pedras, de toda a cidade, que não era grande, além da matriz, haviam poucas ruas, onde se agrupavam duas escolas, um fórum, a prefeitura e o cartório de notas e civil.

Na praça da matriz, como assim era chamada a rua central, ficava localizada a igreja de Nossa Senhora, toda construída em pedras, calcário e gordura de baleia, um belo acabamento em estilo barroco, com a fachada de apenas duas cores: azul e branca, suas portas eram enormes, a central tinha por volta de cinco metros e ficava ao centro, com mais duas a esquerda e duas a direita que reduziam de tamanho gradativamente.

O interior da igreja, era o que se podia chamar de parte mais bela, enfeiada por aqueles que a freqüentavam, e pelo padre que rezava a missa, e pelo sacristão, e pelo cantor, e pelo coral e pela pintura mal retocada, mas enfim, era toda detalhada em ouro... E quem se importa com o resto? Com várias imagens de santo, como toda igreja deve ser. Era linda simplesmente, o resto já se sabe!

A igreja da matriz era ladeada por vários casarões históricos do tempo da colônia, e se encerrava numa igrejinha simples que ficava no sentido oposto da igreja da Matriz, não me recordo de que santo ou santa, sei que eu a chamava de igrejinha, onde à sua frente existia uma praça, com árvores e pedras brancas, luzes azuis, era linda!

Lindo o cenário daquela tristeza, até pra mim, que já presenciei tantas por aqui, que deveria ter me acostumado.

Graciliano Tolentino
Graciliano Tolentino
Enviado por Graciliano Tolentino em 03/07/2010
Alterado em 14/11/2019
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